sábado, 28 de fevereiro de 2009

Exemplos




Em dois momentos os reis originários de Tebas restabeleceram a unidade do Egito e este foi o impulso inicial para a valorização do deus Amon, deus obscuro até a XII dinastia. Amon significa “o oculto”, aquele cujas qualidades são tais que os olhos não podem vê-lo e do qual não se conhece o verdadeiro nome.
Sua primeira manifestação figurada confundia-se com o deus itifálico Min, deus da fecundidade, mas denominando-o sempre Amon-Rê. Sua designação Rê o associa ao deus solar.
Suas plumas altas-quebradas-espetadas em um barrete,bem como a cor sombria de sua pele (azul ou preta), fazem-no se confundir com uma divindade do ar.
Mas são os acontecimentos políticos que lhe proporcionam destino excepcional. Os reis escolheram ser denominados Amenemhat (Amon-está-a-frente) ou Amenhotep (Amon-está-satisfeito). Ele foi eleito deus dinástico e sua fortuna não parou de aumentar. Com ele, sua esposa, a deusa Mut, cuja representação animal era o abutre, e o filho, Khonsu, formavam uma tríade. Eles foram cultuados na imensa área sagrada de Karnak, e toda a região de Tebas, nas duas margens, foi pontilhada
Com santuários onde Amon tinha sempre a primazia. Deus do Império, ele extrai sua glória da glória dos reis.
Na seqüência da experiência mística de Amenhotep IV, que se desvencilhou de Tebas opondo-se ao clero de Amon, momento tão fugidio quanto apaixonante, o jovem rei Tutankhamon “restaura” o culto do “Rei dos deuses, Amon”. O jovem rei célebre pela descoberta de sua tumba, que encerrava um fabuloso tesouro, nela imprimiu suas memórias com traços juvenis: os olhos amendoados contornados por largas pálpebras, a boca delicadamente sensual, e o corpo efeminado prolongando a influência amarniana. A imagem dos deuses reproduz sempre o retrato do rei. Amon, à imagem do jovem rei sentado em um trono, adornado pela “união das plantas simbólicas” (sema-tauy) [6], protege a estátua do rei. Mas dele restou apenas o traço dos calcanhares entra os pés do deus, e sua posição permanece enigmática: os egiptólogos não podem afirmar se ele estava de pé diante de Amon, ou em outra atitude.
As marteladas no nome real no pilar dorsal, as quebras propositais de sua efígie, aquelas das mãos do deus e do sinal simbólico dos “milhões de anos” esculpidas no trono mostram quanto se procurou eliminar a memória de Tutankhamon e a aniquilar a transmissão divina que lhe proporcionava a estátua em pedra do maior dos deuses, Amon.


Museu do Louvre

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